Por Jorge Briard
O déficit de saneamento no Brasil é reconhecidamente um problema a ser enfrentado. Políticas claras para o desenvolvimento do setor, legislação e regulação robustas, linhas de crédito acessíveis e aperfeiçoamento técnico são elementos imprescindíveis para alcançarmos números de cobertura sanitária minimamente aceitáveis.
No Rio de Janeiro, após décadas de falta de investimentos adequadamente planejados, foi implantado um novo modelo de gestão na Cedae, que vem, nos últimos anos, revertendo esse quadro. Os seguidos lucros apontados nos últimos balanços, auditados há dez anos por empresas reconhecidas no mercado mundial como Big Four, reforçam a eficiência, o comprometimento e a transparência do trabalho que vem sendo executado pela empresa.
Ao utilizar modernas ferramentas de gestão, a companhia vem evoluindo em todos os indicadores financeiros, operacionais e sociais. Este ano, por exemplo, foi eleita a melhor empresa de infraestrutura do país no ranking da revista Exame.
A Cedae possui hoje uma carteira de investimentos de R$ 4 bilhões, dos quais R$ 3,4 bilhões estão sendo aplicados no Programa de Abastecimento da Baixada Fluminense, maior investimento em saneamento do Brasil. O programa tem sido usado pela Caixa Econômica Federal como exemplo positivo de gestão de obra pública no país. Além disso, a empresa está em vias de assinar contrato de R$ 2,1 bilhões para aplicar em sistemas de saneamento no Estado do Rio. É importante destacar que todos os investimentos e custeio da Cedae são realizados por meio de recursos próprios, conferindo à empresa independência do Estado para todas as suas obrigações.
A companhia tem suas atividades reguladas por agência reguladora desde 2015, e a sua governança é benchmarking para as empresas do estado, conforme solicitado pela Auditoria Geral do Estado. A Cedae já está integralmente em conformidade com a nova lei federal das estatais, de forma clara e transparente. Na auditoria de seus indicadores e atividades, possui, além do Conselho de Administração e Conselho Fiscal, Comitê de Auditoria, Comitê de Ética e Canal de Ética independente. E todos os cargos gerenciais operacionais da Cedae são ocupados, por obrigação estatutária, por empregados de carreira da empresa, não havendo possibilidade de indicação externa.
Uma empresa de saneamento tem a obrigação de ser disseminadora de saúde pública preventiva, com visão empresarial de buscar o crescimento dos seus indicadores e visão pública por entender que todos — independentemente de classe social — têm direito ao serviço de saneamento básico.
Diariamente, representantes da sociedade, como líderes comunitários, associação de moradores, agentes públicos, imprensa e a população de modo geral solicitam serviços emergenciais da empresa e, desde que a necessidade seja legítima, é obrigação atender.
Diante disso, é de extrema importância que a prestação de um serviço essencial, como o fornecimento de água, não seja maculada por interpretações e opiniões equivocadas. Infelizmente foi o que ocorreu em editorial de O GLOBO, de 18/11, após serem tornados públicos trechos de gravações telefônicas citando a empresa, que, inclusive, demonstram a insatisfação de membro do Legislativo por não ter seu pedido atendido, comete equívocos e afirmações infundadas.
A Cedae possui rigorosos mecanismos de controle, não compactua com desvios de conduta e tem compromisso em servir à população dos municípios conveniados de forma correta e honesta. Essa é a missão da companhia e de todos os seus funcionários.*Jorge Briard é presidente da Cedae. Artigo publicado na sessão de Opinião do Jornal O Globo do dia 20/11/2018