Há sempre interesse em relação à empresa, e existe o risco concreto de aquele que trabalha pautado na técnica ser substituído por pessoas que não têm a competência necessária para tal. E essa movimentação está se desenhando novamente
O governador afastado Wilson Witzel foi eleito com discurso de que não privatizaria a Cedae. No entanto, sua primeira ação contrária a seu discurso de campanha, logo após a posse, em 2019, foi nomear como presidente da empresa uma pessoa sem a qualificação necessária para atender os mais de 11 milhões de usuários dos serviços da companhia.
Hélio Cabral foi escolhido com a missão de preparar a estatal para ser privatizada e, para tanto, não poupou esforços, usando de uma estratégia que colocou em risco o abastecimento de toda população da Região Metropolitana. Demitiu 54 profissionais altamente qualificados, com décadas de dedicação à Cedae, desestruturou setores cruciais para o funcionamento da empresa. Foi responsável direto pelo problema da geosmina no verão passado e, posteriormente, da bomba da Elevatória Lameirão, que afetou milhões de consumidores.
O impacto dessas demissões mostrou-se devastador para a população, para os trabalhadores demitidos e suas famílias, assim como para aqueles que continuaram na empresa. Funcionários lidaram diariamente com as contínuas ações que tinham o objetivo de precarizar os serviços prestados à sociedade, que impuseram clima de terror/assédio a eles, com constantes ameaças de demissões. Tal situação colocou em risco diário o abastecimento de toda a população.
Com o afastamento de Witzel, o vice Cláudio Castro assumiu o governo e, diante do iminente risco de caos sanitário que se avizinhava, em função das decisões desastrosas dos ex-presidentes da Cedae da gestão Witzel, foi obrigado a chamar de volta um dos 54 demitidos por Hélio Cabral e o nomeou para administrar a empresa. Assim, colocou na presidência alguém que realmente teria a competência de conduzir a companhia de acordo com os melhores critérios técnicos e gerenciais, ainda que atendendo às suas determinações em relação à privatização.
Em tempo recorde, o engenheiro Edes Oliveira solucionou o problema do Lameirão, garantiu a não ocorrência da geosmina, assim como trouxe de volta o respeito e responsabilidades inerentes a uma empresa do porte da Cedae. Independentemente da posição dele em relação à privatização, os trabalhadores entenderam que a responsabilidade e profissionalismo voltaram a ser critérios de administração e operação, podendo garantir a eficiência, segurança e qualidade dos serviços prestados à população.
Infelizmente, há sempre um interesse em relação à Cedae, e existe o risco concreto de aquele que trabalha pautado na técnica ser substituído por pessoas que não têm a competência necessária para tal. E essa movimentação está se desenhando novamente.
A pergunta que não quer calar: a quem interessa trocar uma gestão competente por aventureiros de plantão? Tenho certeza que nem mesmo os privatistas querem o caos sanitário de volta.